Obra de Monteiro Lobato é acusada de racismo

O Conselho Nacional de Educação (CNE) pretende vetar à utilização do livro “Caçadas de Pedrinho”, do autor Monteiro Lobato, na rede pública de ensino, por considerar a obra racista.


A alegação partiu do servidor da Secretaria do Estado de Educação do Distrito Federal, Antonio Gomes da Costa Neto, tendo este encaminhado uma denúncia contra o uso do livro à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que por sua vez encaminhou a crítica a CNE, que deu parecer contra o uso da obra, numa votação unânime.

A denúncia se concentra no tratamento dado à personagem Tia Anastácia e nas referências a animais como urubus, macacos e “feras africanas”. “Estes fazem menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos do livro analisado”, explica uma nota técnica da Secretaria de Alfabetização e Diversidade citada pelo CNE.

No entanto, para tornar definitivo o veto à obra, o MEC precisa homologar essa decisão. O Ministério de Educação informou, em nota, que o ministro Fernando Haddad pretende ouvir opiniões de acadêmicos e educadores sobre o parecer do Conselho Nacional da Educação, antes de tomar uma decisão.

Tanto professores universitários, quanto especialistas da obra de Monteiro Lobato, entre outros profissionais ligados à literatura, condenam a ação do conselho considerando-a um ato de censura. Para eles, a proibição de um clássico do mais importante autor da literatura infantil do país, não trará nenhum benefício à educação infantil. Além de acreditarem ser uma violência, que poderia abrir precedentes perigosos no futuro.

O autor e sua obra

Nascido em 1882, o escritor, jornalista e editor, Monteiro Lobato é um dos nomes mais influentes da literatura brasileira do século XX. Sendo popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constituí metade de sua produção literária, aproximadamente 26 títulos.

foto: divulgação
Antes de Lobato todos os livros eram impressos em Portugal, pois em 1918, ele fundou a primeira editora brasileira, a "Monteiro Lobato e Cia", dando inicio ao movimento editorial brasileiro.

Sua obra de maior sucesso foi "A Menina do Narizinho Arrebitado", primeiro volume da série “Sítio do Picapau Amarelo”, publicada em Dezembro de 1920. A partir daí, o autor continuou escrevendo livros infantis de sucesso, com seu grupo de personagens que vivem histórias incríveis em um Sítio no interior do Brasil, pertencente à Dona Benta, avó de Narizinho e Pedrinho. Onde também viviam a empregada Tia Nastácia, a boneca irreverente Emília e o aristocrático boneco de sabugo de milho Visconde de Sabugosa, entre vários outros.

O livro “Caçadas de Pedrinho”, que faz parte da série “Sítio do Picapau Amarelo”, foi escrito em 1933 e conta as aventuras de Pedrinho e Narizinho na caçada a uma onça pintada que ronda o Sítio.

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