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Os vencedores deste ano de um dos mais prestigiados e controversos prêmios sci-fi, o Prêmio Hugo, foram anunciados, no dia 11 de agosto, durante a 82ª Convenção Mundial de Ficção Científica em Glasgow, Escócia. 


Criado em 1953 pela World Science Fiction Society (WSFS) como uma homenagem a Hugo Gernsback, o fundador da pioneira revista de ficção científica Amazing Stories, o Prêmio Hugo é entregue anualmente para os melhores trabalhos e realizações de fantasia ou ficção científica do ano anterior. Ano passado, quando o prêmio foi sediado na China, várias obras foram desqualificadas por motivos políticos. Este ano, 377 votos foram desqualificados quando se descobriu que faziam parte de uma campanha fraudulenta para favorecer um dos finalistas.

Sendo que o grande vencedor em 2024, na categoria melhor romance, foi “Some Desperate Glory” primeiro romance de Emily Tesh. Uma ópera espacial queer sobre os destroços da guerra, a família que você encontra e quem você deve se tornar quando todas as escolhas são tiradas de você.


Durante toda a sua vida, Kyr treinou para o dia em que poderá vingar o assassinato do planeta Terra. Criada nas entranhas da Estação Gaia ao lado do que sobrou da humanidade, ela se prepara para enfrentar a Sabedoria, a arma toda-poderosa e transformadora da realidade que deu aos Majoda sua vitória sobre a humanidade.

Kyr é uma das melhores guerreiras de sua geração, a espada de um planeta morto. Mas quando o Comando designa seu irmão para a morte certa e a relega ao berçário para gerar filhos até que ela morra tentando, Kyr sabe que deve tomar a vingança da humanidade em suas próprias mãos.

Ao lado do amigo brilhante, mas sedicioso e de um alienígena solitário e cativo, ela escapa de tudo que já conheceu para um universo muito mais complicado do que lhe foi ensinado e muito mais maravilhoso do que ela poderia ter imaginado.

Já nas demais categorias “Imperial Radch” de Ann Leckie venceu como melhor Série, “Thornhedge” de T. Kingfisher, também vencedor do Locus 2024, como melhor Novella e Naomi Kritzer ganhou nas categorias melhor Conto com “Better Living Through Algorithms” e melhor Novelette com “The Year Whithout Sunshine”.

Confira a lista completa de finalistas e vencedores do Prêmio Hugo em seu site oficial.
A Locus Science Fiction Foundation anunciou, em 22 de junho de 2024, durante o evento Locus Awards Weekend em Oakland, Califórnia, os vencedores da 53ª edição do Prêmio Locus. 


Concedido anualmente, desde de 1971, o Prêmio Locus tinha originalmente como foco a ficção científica, mas a partir de 1978 passou a abranger a categoria fantasia, e hoje o prêmio presta homenagens aos melhores dos melhores em diversas categorias, como terror, ficção especulativa, literatura jovem adulta, contos de ficção, coleções, antologias, e muito mais.

Sendo que o grande vencedor deste ano na categoria de melhor Ficção Científica foi “System Collapse” de Martha Wells, o sétimo volume da série “The Murderbot Diaries”, que começou a ser lançada este ano no país pela editora Aleph, com o livro “Alerta Vermelho” também vencedor do Locus de 2018 na categoria de melhor Novella.

A corporação Barish-Estranza enviou naves de resgate para um planeta recém-colonizado em perigo, bem como SecUnits adicionais. Mas se existe uma corporação ética por aí, o Murderbot ainda não a encontrou, e se Barish-Estranza não pode ficar com o planeta, eles com certeza não partirão sem alguma coisa. Se esse algo for uma colônia inteira de humanos, bem, uma força de trabalho livre é um prêmio decente para o segundo colocado.

No entanto, há algo errado com o Murderbot, ele parece não estar funcionando dentro dos parâmetros operacionais normais. A tripulação da ART e os humanos da Preservação estão fazendo tudo o que podem para proteger os colonos, portanto Murderbot precisa descobrir o que há de errado com ele, e rápido.

Surpreendentemente, Martha Wells também venceu na categoria de melhor Fantasia com o livro “Witch King”, primeiro volume da série “The Rising World”, na qual um demônio é acordado por um mago inferior de um sono profundo em seu confinamento em uma elaborada armadilha de água. Agora, em busca de respostas ele precisará reunir seus aliados e usar toda a sua magia para desespero de seus inimigos.


Já na categoria de melhor Horror o vencedor foi “A House with Good Bones”, uma assombroso história gótica que explora as raízes sombrias e retorcidas que se escondem logo abaixo do verniz de um lar e família perfeitos, escrita pela premiada autora T. Kingfisher, que também levou o prêmio de melhor Novella com “Thornhedge”. Uma história de apenas 116 páginas sobre uma heroína em forma de sapo, um cavaleiro gentil e uma missão que deu completamente errado.

Quanto aos demais vencedores, “Promises Stronger Than Darkness” de Charlie Jane Anders levou o prêmio na categoria de melhor livro Jovem Adulto, enquanto que “The Saint of Bright Doors” de Vajra Chandrasekera foi premiado como melhor Livro de Estréia do ano. Já “The Rainbow Bank” de Uchechukwu Nwaka venceu na categoria de melhor Novelette, “How to Raise a Kraken in Your Bathtub” de P. Djèlí Clark na categoria de melhor História Curta, “Out There Screaming” de Jordan Peele & John Joseph Adams na categoria de melhor Antologia, e “Gata Branca, Cão Preto (White Cat, Black Dog) de Kelly Link na categoria de melhor Coleção.

No país foram publicados inúmeros livros, contos e antologias vencedores de diversas categorias do Prêmio Locus. Entre eles os clássicos da ficção científica Os Próprios Deuses de Isaac Asimov, Encontro com Rama de Arthur C. Clarke, Os Despossuídos de Ursula K. Le Guin, Guerra Sem Fim de Joe Haldeman, O Orador dos Mortos de Orson Scott Card, O Livro do Juízo Final de Connie Willis, Hyperion de Dan Simmons, e Foundation's Edge de Isaac Asimov. Assim como Boneshaker de Cherie Priest, Redshirts de John Scalzi e O Fim da Morte de Cixin Liu.

Já na categoria fantasia temos os livros Tehanu: O Nome da Estrela de Ursula K. Le Guin, Santuário dos Ventos de Lisa Tuttle e George R. R. Martin, O Silmarillion de J. R. R. Tolkien,  As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban de J. K. Rowling, Enraizados de Naomi Novik, Todos os pássaros no Céu de Charlie Jane Anders, Babel de R. F. Kuang, O Céu de Pedra e Nós somos a Cidade de  N. K. Jemisin. Assim como A Guerra dos Tronos, A Fúria dos Reis, A Tormenta de Espadas e A Dança dos Dragões de George R. R. Martin. Sem falar em Deuses Americanos, O Oceano no fim do Caminho e Os Filhos de Anansi de Neil Gaiman.

Confira a lista completa de finalistas e vencedores do Prêmio Locus em seu site oficial.
A escritora britânica Samantha Harvey foi agraciada com um dos mais prestigiados prêmios da literatura internacional, o Booker Prize, pelo seu romance “Orbital”. 

Foto: © Divulgação / Booker Prize

Criado em 1968, o Man Booker Prize é concedido anualmente à melhor obra de romance ou ficção escrita em língua inglesa por autores vivos que sejam cidadãos de um país membro da Comunidade Britânica ou da República da Irlanda. No entanto, em 2015, as regras do Booker Prize foram ampliadas para permitir a entrada de escritores de qualquer nacionalidade desde que seus livros fossem escritos em inglês e publicados no Reino Unido e na Irlanda. Sendo que em 2019, o Man Booker Prize passou a se chamar apenas Booker Prize. Ao ganhador é assegurado grande reconhecimento internacional, além da quantia de 50 mil libras esterlinas (208 mil reais).

“Mais de meio século de sabedoria e criatividade coletadas das mentes mais brilhantes da ficção contemporânea produziram uma história absorvente de nossos tempos.”

Orbital

Sucesso de críticas e vendas, “Orbital”, publicado originalmente em 12 de novembro de 2024 e previsto para ser lançado no Brasil em 2025 pela editora DBA Literatura, conta com apenas 136 páginas, sendo o segundo livro mais curto a ganhar o prêmio e aquele que cobre o menor período de tempo de todos os livros da lista, ocorrendo em apenas 24 horas. Além de ter sido o primeiro romance ambientado no espaço a vencer o Booker Prize.

Foto: © Divulgação / Booker Prize

Seis astronautas e cosmonautas – da América, Rússia, Itália, Reino Unido e Japão – se revezam na Estação Espacial Internacional. Eles estão lá para fazer um trabalho vital, mas lentamente começam a se perguntar: o que é a vida sem a Terra? O que é a Terra sem a humanidade?

Juntos, enquanto viajam a velocidades de mais de 27.000 km/h, eles observam seu silencioso planeta azul, circulando-o 16 vezes em um único dia, passando por continentes e percorrendo as estações do ano, observando geleiras e desertos, os picos das montanhas e as ondas dos oceanos.

Vislumbramos momentos de suas vidas terrenas por meio de breves comunicações com a família, suas fotos e talismãs; observamos enquanto eles preparam refeições desidratadas, flutuam em um sono livre da gravidade e se exercitam em rotinas rígidas para evitar atrofia muscular; testemunhamos a formação de laços que os separam da solidão absoluta.

No entanto, embora separados do mundo, eles não conseguem escapar de sua atração constante. Notícias da morte de uma mãe chegam até eles, e com elas vêm pensamentos de retornar para casa. Eles observam um tufão se formando sobre uma ilha e pessoas que eles amam, em admiração por sua magnificência e com medo de sua destruição.

A fragilidade da vida humana preenche suas conversas, seus medos, seus sonhos. Tão longe da Terra, eles nunca se sentiram mais parte – ou protetores – dela.

Segundo o júri “Samantha Harvey escreveu um romance impulsionado pela beleza de dezesseis amanheceres e dezesseis entardeceres. Todos e ninguém são o assunto, enquanto seis astronautas na Estação Espacial Internacional circulam a Terra observando as passagens do clima através da fragilidade de fronteiras e fusos horários. Com sua linguagem de lirismo e acuidade, Harvey torna nosso mundo estranho e novo para nós”.

Sobre a autora e sua obra

Nascida em Kent na Inglaterra em 1975, filha de um construtor, Samantha Harvey estudou filosofia na Universidade de York e na Universidade de Sheffield. Escritora e escultora, nos anos 2000, ela trabalhou no Museu Herschel de Astronomia em Bath, o local de onde o planeta Urano foi descoberto. Atualmente, ela é tutora no curso de MA em Escrita Criativa na Universidade Bath Spa, onde se formou em 2005, e autora de cinco romances.

Entre eles, o indicado para o Booker Prize, “The Wilderness” (2009), que mostra o ponto de vista de um homem com a doença de Alzheimer, além de “All Is Song” (2012), que é sobre dever moral e filial, e sobre a escolha entre questionar e se conformar, “Dear Thief”, que é uma longa carta de uma mulher para sua amiga ausente, detalhando as consequências emocionais de um triângulo amoroso, e “The Western Wind”, que é sobre um padre em Somerset no século XV.

Sendo que em 2020, Harvey publicou seu primeiro livro de não ficção, “The Shapeless Unease: A Year of Not Sleeping”, sobre sua experiência pessoal de insônia crônica. A autora foi também indicada a diversos prêmios como o James Tait Black Award, o Women's Prize, o Guardian First Book Award, o Walter Scott Prize, entre outros. Seus contos apareceram na Granta Magazine, The Guardian, The New York Times, The New Yorker, The Telegraph e na revista TIME.

Tendo sua escrita comparada à de Virginia Woolf, Samantha Harvey é conhecida pela enorme variedade de cenários em suas obras, em especial, “Orbital”, que nos convida a observar o esplendor da Terra, enquanto reflete sobre o valor individual e coletivo de cada vida humana. “Orbital” foi anunciado como vencedor do Booker Prize 2024 pelo presidente dos jurados, Edmund de Waal, em uma cerimônia realizada em novembro no Old Billingsgate, em Londres, onde Harvey recebeu £ 50.000 e um troféu, que foi entregue a ela por Paul Lynch, vencedor do Prêmio Booker 2023.

A autora, em entrevista ao Booker Prize, disse que pensou em escrever uma pastoral espacial, um tipo de escrita sobre a natureza e a beleza do espaço. “Eu queria escrever sobre nossa ocupação humana da órbita baixa da Terra durante o último quarto de século – não como ficção científica, mas como realismo. Eu poderia evocar a beleza daquele ponto de vista com o cuidado de um escritor da natureza? Eu poderia escrever sobre espanto? Eu poderia fazer uma espécie de pastoral espacial? Esses foram os desafios que eu me propus”, acrescenta Harvey.

Saiba mais no site oficial do Booker Prize.
O romance “Kairos” da autora alemã Jenny Erpenbeck, traduzido para o inglês por Michael Hofmann foi agraciado com o prestigiado International Booker Prize, em uma cerimônia realizada na Tate Modern em Londres no dia 21 de maio. 

Jenny Erpenbeck and Michael Hofmann | © David Parry/Booker Prize Foundation

Os prêmios Booker tem como objetivo premiar os melhores da ficção numa base global, quer a obra tenha sido originalmente escrita em inglês (Booker Prize) ou traduzido para o inglês (International Booker Prize). Criado em 2005 como o International Man Booker Prize, o prêmio era entregue bienalmente a um conjunto de obras. No entanto, em 2015, as regras do Booker Prize foram ampliadas para permitir a entrada de escritores de qualquer nacionalidade desde que seus livros fossem escritos em inglês e publicados no Reino Unido. Assim, aderindo as mudanças o International Booker Prize passou a ser entregue anualmente a uma única obra de ficção, escrita em outro idioma, traduzida para o inglês e publicada no Reino Unido ou Irlanda, prestando homenagens tanto a autores como tradutores, que dividem igualmente o prêmio de 50 mil libras esterlinas.

“Eles abrem as barreiras da mente e criam uma comunidade mundial de leitores. Nós não nos damos conta de como é excepcional ler um livro traduzido, da maneira como caímos em outro mundo, em uma realidade paralela... O poder do tradutor é nos convencer a entrar nesse mundo da imaginação”, disse Eleanor Watchel, presidente do júri durante a cerimônia.

Kairos

O primeiro livro traduzido do alemão a ganhar o International Booker Prize é uma história íntima e devastadora da trajetória de dois amantes através das ruínas de um relacionamento, tendo como pano de fundo um período turbulento da história europeia. Sendo que a tradução de Michael Hofmann é destacada pelo juri por captar “a eloquência e as excentricidades da escrita de Erpenbeck, o ritmo das suas frases contínuas, a extensão do seu vocabulário emocional”.


Em Berlim Oriental, em 1986, um homem e uma mulher se encontram por acaso em um ônibus. Ela é uma jovem estudante de 19 anos, ele é mais velho, 50 anos, e casado. A atração deles é intensa e repentina, alimentada por uma paixão compartilhada pela música e pela arte, e intensificada pelo sigilo que devem manter.

Mas quando ela se perde por uma única noite, ele não consegue perdoá-la e uma fissura perigosa se forma entre eles, abrindo espaço para a crueldade, a punição e o exercício do poder. E o mundo à sua volta também está a mudar: à medida que a Alemanha Oriental começa a desmoronar, o mesmo acontece com todas as velhas certezas e velhas lealdades, inaugurando uma nova era cujos grandes ganhos também envolvem perdas profundas.

Segundo o juri “o que torna Kairos tão incomum é que ele é ao mesmo tempo bonito e desconfortável, pessoal e político. Erpenbeck convida você a fazer a conexão entre esses desenvolvimentos políticos que definiram uma geração e um caso de amor devastador e até brutal, questionando a natureza do destino e da agência”.

A autora

Nascida em 12 de março de 1967, na Berlim Oriental, a diretora de ópera, dramaturga e premiada romancista, Jenny Erpenbeck, vem de uma família ligada aos livros, pois seu pai, John Erpenbeck é escritor físico e filósofo, e sua mãe, Doris Kilias é uma tradutora àrabe. Já seus avós eram ambos atores.

Em Berlim, Erpenbeck completou um aprendizado de dois anos como encadernadora, depois trabalhou como gerente de adereços teatrais antes de estudar direção de teatro musical e desfrutar de uma carreira de sucesso como diretora de ópera no final dos anos 1990. Mesma época em que deu inicio a sua carreira como escritora publicando sua novela de estreia “Geschichte vom alten Kind” (The Old Child) em 1999.

Além de “Kairos” várias outras obras da autora foram traduzidas para mais de trinta idiomas fazendo dela mais conhecida no exterior do que em sua terra natal. Entre suas obras estão “The Book of Words” (2008), “Visitation” (2010), “The End of Days” (2014), “Not a Novel: Collected Writings and Reflections” (2020), “Go, Went, Gone” (2017). Sendo que, em 2019, o romance “Visitation” foi eleito um dos cem melhores livros do século 21 pelo The Guardian, o livro “The End of Days” foi vencedor do Independent Foreign Fiction Prize, e o “Go, Went, Gone” foi indicado para International Booker Prize 2018.

Sobre “Kairos”, em entrevista ao Booker Prize, a autora diz que é “uma história privada de um grande amor e da sua decadência, mas é também uma história da dissolução de todo um sistema político. Simplificando: como algo que parece certo no começo pode se transformar em algo errado?”, ressaltando que se “você observar os detalhes do que é falado e onde há silêncio, você também será capaz de acompanhar as correntes invisíveis, a mudança de poder entre gerações, as técnicas de manipulação e abuso”.

O tradutor

Nascido em 25 de agosto de 1957 em Freiburg, na Alemanha, o poeta, revisor e tradutor, Michael Hofmann também veio de uma família com tradição literária, com seu pai Gert Hofmann sendo um escritor e seu avô materno tendo editado a “Brockhaus Enzyklopädie”.

Descrito pelo The Guardian como “indiscutivelmente o tradutor de alemão para inglês mais influente do mundo”, Hofmann traduziu o trabalho de vários autores renomados como Franz Kafka, Joseph Roth e Hans Fallada. Além de ter recebido diversos prêmios literários, incluindo o Independent Foreign Fiction Prize em 1995 pela tradução do romance de seu pai, “The Film Explainer”.

Tendo se formado em Língua Inglesa e Clássicos, Hofmann lecionou em diversas universidades, mas desde de 1990 leciona na Universidade da Florida, em Gainesville, onde ministra oficinas de poesia e tradução. Sendo que, em 2018, ele foi convidado a fazer parte do juri do International Booker Prize, e em 2023, foi eleito Fellow da Royal Society of Literature.

Sobre “Kairos”, em entrevista ao Booker Prize, o tradutor diz que a “diferença de idade não é o ponto. O ponto é o personagem. Mesmo que Katharina pudesse ter conhecido uma versão de Hans quando ele era 20 anos mais novo, ele seria o mesmo personagem. O caráter é o que importa – se alguém está manipulando ou escondendo grande parte de sua vida. Um homem mais velho olha para uma jovem com certo prazer? Isto é normal. Você admira a beleza. Você fica feliz em olhar para algum jovem, homem ou mulher, não importa. Não é um crime. Só se você usar sua experiência para manipular alguém, como Hans faz com Katharina.”

Saiba mais sobre o prêmio no site oficial do International Booker Prize.
Considerado um dos prêmios de maior prestígio em sua área nos Estados Unidos, o Pulitzer é concedido, há mais de cem anos, a pessoas que realizaram trabalhos de excelência nas áreas de Jornalismo, Literatura, Drama e Música. 

Foto: Divulgação 

Em sua 108ª edição, o prêmio criado pela Universidade de Columbia de Nova York prestou homenagens a jornalistas e autores de todo país por meio de 23 categorias, incluindo a de Melhor Livro de Ficção, na qual “Night Watch” de Jayne Anne Phillips foi o vencedor, agraciado com uma medalha de ouro e um prêmio no valor de 15 mil dólares.

A cerimonia, no entanto, ocorreu em um cenário um pouco tenso, devido a uma declaração feita pelo Conselho do Pulitzer, na qual elogiam os estudantes jornalistas que cobriram os protestos nas universidades contra a guerra em Gaza, reconhecendo que eles se colocavam frequentemente “enfrentando um grande risco pessoal e acadêmico”.

Night Watch

Também indicado ao National Book Award e eleito um dos melhores livros do ano pelo New Yorker, o aclamado romance é descrito pelo júri do prêmio como “épico, fascinante e meticulosamente elaborado, Night Watch é uma crônica impressionante da sobrevivência à guerra e suas consequências”.

Em 1874, no rescaldo da guerra, o apagamento, o trauma e o anonimato assombram civis e veteranos, renegados e andarilhos, libertos e fugitivos. ConaLee, de 12 anos, a adulta de sua família desde que se lembra, se vê em uma viagem de carroça com sua mãe, Eliza, que não fala há mais de um ano. Elas chegam ao Asilo para Lunáticos Trans-Allegheny, na Virgínia Ocidental, entregues na entrada do hospital por um veterano de guerra que se forçou a entrar em seu mundo. Lá, longe da família, de um vizinho querido e da casa na montanha que conheciam, eles tentam recuperar suas vidas.

Os caprichos onipresentes da guerra e da raça vêm à tona à medida que aprendemos sua história: sua fuga para as cadeias montanhosas mais altas do oeste da Virgínia; o desaparecimento do pai de ConaLee, que partiu para a guerra e nunca mais voltou. Enquanto isso, no asilo, eles começam a encontrar um novo caminho. ConaLee finge ser empregada doméstica de sua mãe; Eliza responde lentamente ao tratamento. Eles são envolvidos na vida das instalações - o homem misterioso que eles chamam de Ronda Noturna; a criança órfã chamada Weed; a temível mulher que dirige a cozinha; o notável médico à frente da instituição.

Nascida em 19 de julho de 1952 na pequena cidade de Buckhannon, West Virginia, Jayne Anne Phillips se formou na West Virginia University, obtendo seu bacharelado em 1974, e mais tarde recebendo um mestrado em ficção pelo Iowa Writers' Workshop da University of Iowa. Em seguida ocupou cargos de ensino em diversas faculdades e universidades, incluindo a Universidade de Harvard , a Universidade de Boston e a Rutgers University, onde foi fundadora/diretora do Programa de Mestrado em Belas Artes em Escrita Criativa .

Em 1976, Phillips publicou sua primeira coleção de contos “Sweethearts”, pela qual ganhou o Prêmio Pushcart e o Prêmio Fels do Conselho Coordenador de Revistas Literárias. Sendo que, em 1984, publicou seu primeiro romance, “Machine Dreams”, considerado pelo New York Times como “uma notável estreia novelística e uma conquista literária duradoura”, foi finalista do National Book Critics Circle Award, e eleito um dos doze melhores livros do ano pelo  New York Times, além de ter entrado para lista de mais vendidos.

Vencedora de inúmeras bolsas de arte e escrita, a romancista e contista, Jayne Anne Phillips é autora de doze romances e contos, entre eles “Black Tickets”, “Fast Lanes”, “Shelter”, “MotherKind”, “Lark and Termite”, e “Quiet Dell”. Seu trabalho foi traduzido para mais de doze idiomas e ganhou diversos prêmios literários, como a Arts and Letters Award e o Sue Kaufman Prize, além de ter sido finalista do National Book Award e duas vezes finalista do National Book Critics Circle Award. Atualmente, ela mora em Nova York e Boston.

Nas demais categorias literárias...

Além da categoria de Melhor Livro de Ficção, o Pulitzer destina mais cinco categorias a área de Literatura, sendo elas Melhor Livro de Não-Ficção, Melhor Biografia, Melhor Memória ou Autobiografia, Melhor Livro de História e Melhor Livro de Poesia.

Entre os premiados deste ano na categoria de Não-Ficção está a obra “Um Dia na Vida de Abed Salama” (A Day in the Life of Abed Salama: Anatomy of a Jerusalem Tragedy) do autor, ensaísta e jornalista americano que mora em Jerusalém, Nathan Thrall. Eleito o Melhor Livro do Ano pela The New Yorker, The Economist, Time, The New Republic e Financial Times, o livro é descrito pelo júri do prêmio como “imersiva e emocionante, uma história íntima de um acidente mortal fora de Jerusalém que desvenda um emaranhado de vidas, amores, inimizades e histórias ao longo de um dia revelador e comovente”, oferecendo aos leitores “um retrato indelevelmente humano da luta por Israel/Palestina e uma nova compreensão da trágica história e realidade de um dos lugares mais disputados do planeta”.

Já na categoria História, o vencedor foi o livro “No Right to an Honest Living: The Struggles of Boston’s Black Workers in the Civil War Era” da professora americana de História, vencedora do Prêmio Bancroft e duas vezes finalista do Prêmio Pulitzer, Jacqueline Jones. O livro é descrito pelo júri como sendo “um retrato angustiante dos trabalhadores negros e da hipocrisia branca na Boston do século XIX”, que mostra “como a injustiça no local de trabalho impediu Boston – e os Estados Unidos – de garantir a verdadeira igualdade para todos”.

Já o prêmio de melhor Biografia deste ano foi concedido a dois autores. Sendo um deles o ex-redator sênior do The Wall Street Journal e  autor best-seller do New York Times, Jonathan Eig, que ganhou com a obra “King: Uma Vida”, a primeira grande biografia em décadas “vividamente escrita e exaustivamente pesquisada” do ícone dos direitos civis Martin Luther King Jr., e a primeira a incluir arquivos do FBI recentemente desclassificados.

Segundo o júri do prêmio “King mistura novas pesquisas reveladoras com narrativa acessível para oferecer um Martin Luther King Jr. para os nossos tempos: um pensador profundo, um estrategista brilhante e um radical comprometido que liderou um dos maiores movimentos da história e cujas demandas por justiça racial e econômica permanecem tão urgentes hoje como eram em sua vida”.

O segundo vencedor da categoria é a autora coreano-americano Ilyon Woo com a obra  “Master Slave Husband Wife: An Epic Journey from Slavery to Freedom”, considerada pelo Pulizter como “uma rica narrativa dos Crafts, um casal que escapou da Geórgia em 1848, com Ellen de pele clara disfarçada de cavalheiro branco deficiente e William  como seu criado, explorando suposições sobre raça, classe e deficiência para se esconderem em público em sua jornada para o Norte, onde se tornaram abolicionistas famosos enquanto escapavam dos caçadores de recompensas”.

Enquanto que o prêmio de melhor livro de Memória ou Autobiografia foi para a obra “O Invencível Verão de Liliana” (Liliana’s Invincible Summer: A Sister’s Search for Justice) da aclamada acadêmica e premiada autora e poetisa mexicana Cristina Rivera Garza

Descrito pelo Pulitzer como “um relato inovador da irmã de 20 anos da autora, assassinada por um ex-namorado, que mistura memórias, jornalismo investigativo feminista e biografia poética costurados com uma determinação nascida da perda”. O livro, escrito “numa prosa luminosa e poética” por Garza reune “cartas manuscritas, relatórios policiais, cadernos escolares, entrevistas com entes queridos de Liliana para documentar a vida de sua irmã. Através deste livro de memórias notável e que desafia o gênero, ela confronta o trauma de perder sua irmã e examina como essa tragédia continua a moldar quem ela é – e por que ela luta – hoje”.

Na categoria Poesia o vencedor foi “Tripas: Poems”  do professor e premiado poeta Brandon Som. Uma coletânea de poemas que segundo o prêmio “se envolve profundamente com as complexidades da dupla herança mexicana e chinesa do poeta, destacando a dignidade da vida profissional da sua família, criando comunidade em vez de conflito”.

O Pulitzer prestou ainda uma citação especial ao falecido escritor, jornalista e crítico Greg Tate, “cuja linguagem – inspirada na literatura, na academia, na cultura popular e no hip-hop – foi tão influente quanto o conteúdo de suas ideias. A sua estética, inovações e originalidade intelectual, particularmente na sua crítica pioneira do hip-hop, continuam a influenciar as gerações subsequentes, especialmente escritores e críticos de cor”.

Confira os demais vencedores no site oficial do Prêmio Pulitzer.

A autora sul-coreana Han Kang entrou para a história como a primeira autora de seu país a ser agraciada pela Real Academia Sueca de Ciências, com um dos mais prestigiados prêmios literários do mundo, o Prêmio Nobel de Literatura.

© Divulgação do Prêmio Nobel
O prêmio, que existe desde 1901, é entregue a um escritor (a) de qualquer nacionalidade que, de acordo com Alfred Nobel, tenha “produzido, no campo literário, o mais magnífico trabalho em uma direção ideal”. Premiando os vencedores com a quantia de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 6 milhões de reais).

Segundo declarou a Academia em nota à Imprensa, Han Kang ganhou o Prêmio Nobel de Literatura deste ano “por sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana” e por sua “consciência única das conexões entre corpo e alma, os vivos e os mortos”.

A vencedora e sua obra

Nascida em Gwangju, na Coreia do Sul, em 27 Novembro de 1970, Han Kang mudou-se com sua família aos nove anos para a cidade de Seul, onde graduou-se em literatura coreana pela Universidade Yonsei. A autora vem de uma família com fortes laços com a literatura, com seu pai, Han Seung-won, sendo um renomado romancista.

© Photo: Paik Dahuim
Depois de se graduar trabalhou durante três anos como jornalista nas revistas Publishing Journal e Samtoh, entre outras. Junto com sua escrita, ela também se dedicou à arte e à música, o que se reflete em toda a sua obra.

Mas sua carreira literária só teve inicio mesmo em 1993 com a publicação de cinco de seus poemas, incluindo "Inverno em Seul", na revista “Literatura e Sociedade” (문학과사회). Enquanto que sua estreia em prosa começou em 1995 com a publicação da coleção de contos “Amor de Yeosu” (여수의사랑), que foi seguida por várias outras obras, tanto romances quanto contos. Sendo um de seus mais notáveis trabalhos o romance de 2002 “Suas Mãos Frias” (그대의차가운손), que deixa evidente o interesse de Han Kang pela arte. O livro reproduz um manuscrito deixado por um escultor desaparecido que é obcecado em fazer moldes de gesso de corpos femininos. 

No entanto, o grande sucesso internacional da escritora veio em 2007 com o romance “A Vegetariana” (채식주의자). Vencedor do Man Booker Prize 2016, que ganhou as telas do cinema em 2009, o livro, escrito em três partes e publicado no país pela editora Todavia, retrata a história de Yeong-hye, cuja a recusa em se submeter às normas de ingestão alimentar e comer carne, provoca diversas reações violentas e abusivas por parte de seu cunhado, marido e pai autoritário.

Kang também publicou o grande e complexo romance sobre amizade e arte “O Vento Sopra, Vai”  (바람이 분다, 가라) em 2010, a obra “Lições de Grego” (희랍어 시간) em 2011, um retrato cativante de um relacionamento extraordinário entre dois indivíduos vulneráveis, o livro “Convalescence” (회복하는인간) em 2013, caracterizado por sua dupla exposição a dor, uma correspondência entre tormento mental e físico com conexões próximas ao pensamento oriental.

Já no romance “Atos Humanos” (소년이 온다) de 2014, Han Kang emprega como base política um evento histórico que ocorreu em Gwangju, onde ela cresceu e onde centenas de estudantes e civis desarmados foram assassinados durante um massacre feito pelo exército sul-coreano em 1980. Ao buscar dar voz às vítimas, o livro, publicado no país em maio de 2021, encara esse episódio com uma atualidade brutal e elementos de terror. 

Outra obra de destaque é “O Livro Branco” (흰) de 2016, no qual o estilo poético de Han Kang domina mais uma vez. O livro, publicado no país em outubro de 2023, é uma elegia dedicada à pessoa que poderia ter sido a irmã mais velha do eu narrativo, mas que faleceu apenas algumas horas após o nascimento. Em uma sequência de notas curtas, todas sobre objetos brancos, é por meio dessa cor de tristeza que a obra como um todo é construída associativamente. Isso a torna menos um romance e mais uma espécie de "livro de orações secular", como também foi descrito.

Há ainda a obra, prevista para ser lançada no país em 2025 pela Todavia, “Nós Não Nos Separamos” (작별하지 않는다) de 2021, cuja a história se desenrola na sombra de um massacre que ocorreu no final da década de 1940 na Ilha de Jeju, na Coreia do Sul, onde dezenas de milhares de pessoas, entre elas crianças e idosos, foram baleadas sob suspeita de serem colaboradoras.

Atualmente, aos 54 anos, a autora ensina escrita criativa na Universidade de Seul, além de escrever contos e novelas, e realizar trabalhos de artes visuais. Han Kang, tinha acabado de jantar com seu filho em sua casa em Seul quando recebeu a notícia de que havia conquistado o Prêmio Nobel. E, entrevista, ela disse: “Estou tão surpresa e honrada”, e refletiu sobre como os escritores como um coletivo a influenciaram: Todos os seus esforços e forças foram minha inspiração”.

A cerimônia de premiação ocorrerá, como sempre, no Concert Hall, em Estocolmo, no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do fundador do prêmio, Alfred Nobel. Após a apresentação dos laureados e de suas descobertas ou trabalhos, Sua Majestade, o Rei da Suécia, entregará a cada um dos cinco laureados uma obra de arte única em forma de diploma e uma medalha de ouro. Seguindo a tradição, o Prêmio Nobel da Paz será entregue numa cerimônia a ser realizada no mesmo dia, durante a manhã, em Oslo, a capital da Noruega, pelo presidente do Comitê Norueguês do Nobel na presença de Suas Majestades, o Rei e a Rainha da Noruega, o Governo, representantes do Storting e um público convidado.

Confira os demais vencedores do Nobel no site oficial do prêmio (em inglês).
O escritor austríaco Heinz Janisch e o ilustrador canadense Sydney Smith foram anunciados como os vencedores do renomado Prêmio Hans Christian Andersen, durante a 61ª edição da Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha. 


O prêmio, cujo nome é uma homenagem ao escritor dinamarquês, Hans Christian Andersen, existe desde 1956, e é concedido a cada dois anos pela International Board on Books for Young People (IBBY) a um autor e ilustrador cujas obras tenham feito uma contribuição importante e duradoura para a literatura infantil.

Melhor Escritor

Nascido na cidade de Güssing, Áustria, em 1960, Heinz Janisch formou-se em alemão e jornalismo em Viena, onde vive atualmente. Jornalista de rádio veterano e editor de uma revista infantil, Janisch é autor de inúmeros livros ilustrados, peças de teatro e poesias, sendo um de seus trabalhos mais famosos “O Rei e o Mar” (The King and the Sea) com as belíssimas ilustrações de Wolf Erldruch. Um livro composto por 21 histórias curtas e diretas, mas repletas de poesia, que refletem sobre uma única questão filosófica: Existe poder absoluto?

De acordo com o júri do prêmio, “aos olhos de Janisch, nada é pequeno demais para a literatura. Sua preferência por poemas, miniaturas e frações de pensamentos ilumina o extraordinário em objetos e características aparentemente triviais da vida cotidiana”.

“Embora muitas de suas obras sejam humorísticas, às vezes até absurdas, ele tem um elemento filosófico em sua escrita que muitas vezes torna seus livros profundos. Seus textos simples são significativos, e o ditado ‘menos é mais’ pode ser aplicado ao autor vencedor de 2024”. O júri destacou ainda que, “além disso, sua contribuição para a literatura é enorme, não só através da sua escrita, mas também pelas suas inúmeras leituras, oficinas de escrita literária e criativa para crianças e adultos, incluindo oficinas criativas para jovens artistas com deficiência”.

Melhor Ilustrador

Nascido no Canadá, Sydney Smith mora atualmente com a família em Halifax, Nova Escócia. Ilustrador de livros aclamados, como “Eu falo com o Rio” (I Talk Like a River) e “O Jardim da Minha Baba” (My Baba’s Garden), ambos escritos por Jordan Scott, Smith é elogiado pelo júri pela sua abordagem aos livros ilustrados, que não representam uma separação entre leitores infantis e adultos, oferecendo insights profundos sobre emoções e experiências humanas, parte de toda e qualquer idade. 

O júri comentou ainda que o trabalho de Smith é como “uma narrativa visual ou uma breve memória musical. Ele usa técnicas aparentemente simples para contar histórias e seus personagens modestos, mas autênticos, são simpáticos e gentis. Ele usa cores para introduzir natureza, cheiros e drama em cada livro”.

Considerado o Nobel da literatura infantil e juvenil, o Prêmio Hans Christian Andersen será entregue aos vencedores, no dia 30 de agosto, durante uma cerimônia no 39º Congresso Internacional do IBBY, em Trieste, na Itália.

Saiba mais sobre o prêmio no site oficial do IBBY.
Os vencedores deste ano de um dos mais prestigiados prêmios sci-fi, o Prêmio Hugo, foram anunciados, no dia 21 de outubro, durante a 81ª Convenção Mundial de Ficção Científica em Chengdu, China.


Criado em 1953 pela World Science Fiction Society (WSFS) como uma homenagem a Hugo Gernsback, o fundador da pioneira revista de ficção científica Amazing Stories, o Prêmio Hugo é entregue anualmente para os melhores trabalhos e realizações de fantasia ou ficção científica do ano anterior. Sendo que o grande vencedor em 2023, na categoria melhor romance, foi “Nettle & Bone” de T. Kingfisher, pseudônimo da autora best-seller Úrsula Vernon.  


Depois de anos vendo suas irmãs sofrerem nas mãos de um príncipe abusivo, Marra – a tímida filha do terceiro filho, criada em um convento – finalmente percebeu que ninguém virá em seu socorro. Ninguém, exceto a ela mesma.

A procura de uma forma para matar o príncipe, Marra vai ao encontro da Bruxa do Túmulo, que lhe oferece o que ela deseja, mas apenas se conseguir completar três tarefas impossíveis. Em sua jornada para realizar o impossível, Marra é acompanhada pela bruxa do túmulo, uma relutante fada madrinha, um robusto ex-cavaleiro e uma galinha possuída por um demônio. Juntos, os cinco pretendem ser a mão que fecha a garganta do príncipe e finalmente liberta a família de Marra e seu reino da tirania.

Para aqueles que estão curiosos a respeito da premiação, dos 72 livros vencedores da categoria principal do Prêmio Hugo apenas 27 foram publicados no país, até o momento. Entre eles estão Duna de Frank Herbert, A Mão Esquerda da Escuridão de Ursula K. Le Guin, Os Próprios Deuses de Isaac Asimov, Encontro com Rama de Arthur C. Clarke, Os Despossuídos de Ursula K. Le Guin, Guerra Sem Fim de Joe Haldeman, As Fontes do Paraíso de Arthur C. Clarke, Neuromancer de William Gibson, Um Estranho Numa Terra Estranha de Robert A. Heinlein, Ender’s Game: O Jogo do Exterminador de Orson Scott Card, e Limites da Fundação de Isaac Asimov.

Assim como O Homem do Castelo Alto de Philip K. Dick, Hyperion de Dan Simmons, O Orador dos Mortos de Orson Scott Card, O Livro do Juízo Final de Connie Willis, Tropas Estelares de Robert A. Heinlein, Um Cântico para Leibowitz de Walter M. Miller, Jr., Redshirts de John Scalzi, O Problema dos Três Corpos de Cixin Liu, Justiça Ancilar de Ann Leckie, e Fahrenheit 451 de Ray Bradbury. Sem falar em A Quinta Estação, O Portão do Obelisco e O Céu de Pedra de N. K. Jemisin, Deuses Americanos de Neil Gaiman, Harry Potter e o Cálice de Fogo de J. K. Rowling, Jonathan Strange & Mr. Norrell de Susanna Clarke, e O Livro do Cemitério de Neil Gaiman.

Confira a lista completa de finalistas e vencedores do Prêmio Hugo em seu site oficial.
A Associação de Escritores de Ficção Científica e Fantasia da América (SFWA) anunciou em uma conferência, no dia 14 de maio, os vencedores da 58ª edição do Prêmio Nebula. 


Considerado um dos mais importantes prêmio do gênero, o Nebula é concedido todos os anos pela Science Fiction and Fantasy Writers of America (SFWA), uma organização criada em 1965 pelo autor, editor e critico Damon Knight, cujos mais de dois mil membros são encarregados de escolher as obras de maior destaque nos gêneros de fantasia e ficção científica publicadas, no ano anterior, nos EUA, que são apresentadas durante uma cerimônia de premiação transmitida ao vivo no youtube.

Sendo que o grande vencedor deste ano, na categoria romance, foi também o vencedor do prêmio Locus 2023 na categoria fantasia, o épico “Babel”, uma história arcana da revolução dos tradutores de Oxford. O mais novo livro da autora best-seller sino-americana R. F. Kuang, também criadora da premiada trilogia “The Poppy War”, está previsto para ser publicado em fevereiro de 2024 no país pela editora Intrínseca.


Em 1828, o jovem órfão Robin Swift é levado a Londres pelo misterioso Professor Lovell, onde ele é treinado durante anos em preparação para o seu ingresso no prestigiado Instituto Real de Tradução da Universidade de Oxford, também conhecido como Babel, o centro mundial de tradução e, mais importante, de magia. 

No início, Robin vê Oxford como uma utopia dedicada à busca do conhecimento, cuja arte de manifestar o significado perdido na tradução usando barras de prata encantadas tornou os britânicos incomparáveis ​​em poder. Mas aos poucos ele percebe que o conhecimento obedece ao poder e serve à busca do Império pela colonização, assim como um menino chinês criado na Grã-Bretanha, servir a Babel significa trair sua pátria, especialmente, quando a Grã-Bretanha decide travar uma guerra injusta com a China por causa da prata e do ópio.

Para aqueles que estão curiosos a respeito, dos 58 livros vencedores da categoria principal do Prêmio Nebula apenas 22 foram publicados no país, até o momento. Entre eles estão Duna de Frank Herbert, Flores para Algernon de Daniel Keyes, Babel-17 de Samuel R. Delany, A Mão Esquerda da Escuridão de Ursula K. Le Guin, Os Próprios Deuses de Isaac Asimov, Encontro com Rama de Arthur C. Clarke, Os Despossuídos de Ursula K. Le Guin, Guerra Sem Fim de Joe Haldeman, As Fontes do Paraíso de Arthur C. Clarke, e Neuromancer de William Gibson. 

Assim como Ender’s Game: O Jogo do Exterminador de Orson Scott Card, O Orador dos Mortos de Orson Scott Card, Tehanu: O Nome da Estrela de Ursula K. Le Guin, O Livro do Juízo Final de Connie Willis, A Parábola dos Talentos de Octavia E. Butler, Deuses Americanos de Neil Gaiman, Associação Judaica de Polícia de Michael Chabon, Justiça Ancilar de Ann Leckie, Aniquilação de Jeff VanderMeer, Enraizados de Naomi Novik, Todos os Pássaros no Céu de Charlie Jane Anders, e O Céu de Pedra de N. K. Jemisin. 

Confira a lista completa de finalistas e vencedores do Prêmio Nebula em seu site oficial.
Considerado um dos prêmios de maior prestígio nos Estados Unidos, o Prêmio Pulitzer é concedido, há mais de cem anos, a pessoas que realizaram trabalhos de excelência nas áreas de Jornalismo, Literatura, Drama e Música.


Em sua 107ª edição, o prêmio criado pela Universidade de Columbia de Nova York prestou homenagens a jornalistas e autores de todo país por meio de 23 categorias, incluindo a de Melhor Livro de Ficção, que este ano, em uma decisão surpreendente, porém não inédita, teve dois vencedores, “Demon Copperhead” de Barbara Kingsolver e “Trust” de Hernan Diaz.

Confiança

Nascido em 1973 em Buenos Aires na Argentina, Hernan Diaz é PhD pela NYU, ensaísta, e autor de dois romances best-sellers traduzidos para mais de trinta idiomas. Sendo que seu primeiro romance, “In the Distance”, foi finalista do Prêmio Pulitzer e do Prêmio PEN/Faulkner, e foi vencedor do Prêmio Internacional Saroyan, do Prêmio Cabell, do Prêmio Page America e do Prêmio New American Voices, entre outras distinções.

foto: Pascal Perich
Já seu segundo romance “Confiança” (Trust), nomeado para o Booker Prize, e publicado no país pela editora Intrínseca, é considerado pelo júri do prêmio como “um romance fascinante ambientado em uma América passada que explora família, riqueza e ambição por meio de narrativas interligadas apresentadas em diferentes estilos literários, um exame complexo de amor e poder em um país onde o capitalismo é rei”.

Mesmo em meio ao caos e à efervescência dos loucos anos 1920, não há em Nova York quem não tenha ouvido falar do casal Benjamin e Helen Rask. Envoltos em uma aura de mistério e reverência, o lendário magnata de Wall Street e a herdeira de uma excêntrica linhagem aristocrática chegaram, juntos, ao topo de um mundo onde a riqueza parece não ter fim. A montanha de capital acumulado e o talento com que Benjamin a ergueu, no entanto, causam inquietação na sociedade e muitas especulações sobre a sua capacidade de prever cada próximo passo do mercado de ações. É nesse contexto que o casal Rask protagoniza um romance que, supostamente, causa um grande escândalo no coração financeiro dos Estados Unidos.

Demon Copperhead

Também vencedor do Women’s Prize for Fiction 2023, o aclamado romance é descrito pelo júri do prêmio como “uma reformulação magistral de “David Copperfield”, narrada por um garoto dos Apalaches cuja voz sábia e inabalável relata seus encontros com a pobreza, o vício, as falhas institucionais e o colapso moral – e seus esforços para conquistá-los”.

Inspirado na obra de Charles Dickens, Demon Copperhead narra a história de um menino chamado Demon, nascido de uma mãe solteira, ainda adolescente, em um pequeno trailer nas montanhas do sul dos Apalaches. Sem bens, além da sua boa aparência, uma sagacidade mordaz e um feroz talento para a sobrevivência, ele terá que enfrentar a vida em um orfanato, trabalho infantil, escolas abandonadas, vício, amores desastrosos e perdas esmagadoras.

Nascida em 08 de abril de 1955 na cidade de Annapolis em Maryland, Barbara Kingsolver foi criada em Carlisle, na zona rural de Kentucky, embora tenha vivido brevemente no Congo durante sua infância. Tendo se formado em biologia na universidade DePauw em Indiana, ela trabalhou durante algum tempo na Universidade do Arizona, onde também iniciou sua carreira como escritora freelancer de artigos científicos. Em meados dos anos 80, Kingsolver começou a publicar poemas e contos, e em dezembro de 1988 ela publicou o seu primeiro romance, o best-seller “The Bean Trees”.

foto: Evan Kafka
Hoje, romancista, ensaísta e poetisa, Barbara Kingsolver é autora de dez best-sellers de ficção, incluindo os romances “Unsheltered”, “Flight Behavior”, “The Lacuna”, “The Poisonwood Bible”, e “Animal Dreams”, bem como livros de poesia, ensaios e não-ficção criativa. Seu trabalho foi traduzido para mais de vinte idiomas e ganhou diversos prêmios literários, como a National Humanities Medal, a mais alta honraria dos EUA por serviços prestados às artes. Atualmente, ela mora com a família em uma fazenda no sul dos Apalaches. 

Nas demais categorias literárias...

Além da categoria de Melhor Livro de Ficção, o Pulitzer destina mais cinco categorias a área de Literatura, sendo elas Melhor Livro de Não-Ficção, Melhor Biografia, Melhor Memória ou Autobiografia, Melhor Livro de História e Melhor Livro de Poesia.

Entre os premiados deste ano na categoria de Não-Ficção está a obra “His Name Is George Floyd” dos jornalistas do Washington Post, Robert Samuels e Toluse Olorunnipa. Com base em centenas de entrevistas com os amigos e familiares de Floyd, seus professores do ensino fundamental e treinadores do time do colégio, ícones dos direitos civis e aqueles que ocupam os cargos mais altos do poder político, os repórteres oferecem em seu livro uma jornada comovente pela América de George Floyd, revelando como um homem que simplesmente queria respirar acabou tocando o mundo.

Já na categoria História, o vencedor foi o livro “Freedom’s Dominion: A Saga of White Resistance to Federal Power” do historiador Jefferson Cowie. Um relato devidamente documentado sobre a história dos Estados Unidos, concentrando-se na casa ancestral do agitador político George Wallace, em Barbour County, Alabama. Uma terra moldada pelo colonialismo e pela escravidão, onde os brancos usaram a liberdade como arma para tomar as terras dos nativos, defender a secessão, derrubar a Reconstrução, questionar o New Deal e lutar contra o movimento dos direitos civis. 

Sendo que o prêmio de melhor Biografia foi para a obra “G-Man: J. Edgar Hoover and the Making of the American Century” da professora de história americana do século 20 em Yale, Beverly Gage. Considerado pelo Pulitzer como “um olhar profundamente pesquisado e cheio de nuances sobre uma das figuras mais polarizadoras da história dos Estados Unidos, que retrata o antigo diretor do FBI em toda a sua complexidade, com realizações monumentais e falhas incapacitantes”. O trabalho de Gage explora toada a vida e carreira de J. Edgar Hoover, desde seu nascimento em 1895 até sua morte em 1972.

Enquanto que o prêmio de melhor livro de Memória ou Autobiografia foi para a obra “Stay True” do redator do The New Yorker e professor associado de inglês no Vassar College, Hua Hsu, que determinado a manter tudo o que restou de um de seus amigos mais próximos decidiu escrever suas memórias, considerada pelo júri do prêmio como “um relato elegante e comovente sobre amadurecimento que considera amizades intensas e juvenis, mas também violência aleatória que pode alterar repentina e permanentemente a lógica presumida de nossas narrativas pessoais”.

Na categoria Poesia o vencedor foi “Then the War: And Selected Poems, 2007-2020” do professor e autor de vários livros de poesia, Carl Phillips. Uma coletânea de poemas que segundo o prêmio “narra a cultura americana enquanto o país luta para dar sentido à sua política, à vida após uma pandemia e ao nosso lugar em uma comunidade global em mudança”.

Confira os demais vencedores no site oficial do Prêmio Pulitzer.
A escritora japonesa Eiko Kadono e o ilustrador russo Igor Oleynikov foram anunciados como os vencedores do renomado Prêmio Hans Christian Andersen, durante a 55ª edição da Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha.

Imagem: Divulgação
O prêmio, cujo nome é uma homenagem ao escritor dinamarquês, Hans Christian Andersen, existe desde 1956, e é concedido a cada dois anos pela International Board on Books for Young People (IBBY) a escritores e ilustradores vivos, cujas obras deram uma contribuição duradoura para a literatura infantil e juvenil.

Melhor Escritora

Nascida na cidade de Tóquio, em 1935, com apenas dez anos, Eiko Kadono foi forçada a fugir da cidade por causa da Guerra. Inspirada nessa triste experiencia surgiu uma de suas mais conhecidas histórias, “Rasuto Ran”. Ao longo dos anos, Kadono formou-se em Literatura Inglesa pela Universidade de Waseda, morou por dois anos no Brasil, e além de livros infantis de sucesso, também escreveu obras de não-ficção e ensaios acadêmicos. 

Sendo que, sua obra mais conhecida é o livro de fantasia infantil, “Kiki’s Delivery Service” (1985), sobre uma jovem bruxa em treinamento que inicia um serviço de entrega em uma cidade litorânea de Koriko. Sucesso de público e crítica, o livro foi premiado com o Noma Prize for Children’s Literature e o Shogakukan Children’s Publication Culture Award, entrou para a Lista de Honra do IBBY, e foi adaptado para as telas, em 1989, como uma animação de Hayo Miyazaki. Além de ter ganhado mais cinco sequencias escritas por Kadono.

De acordo com o júri do prêmio, “há um charme inefável, compaixão e entusiasmo no trabalho desta grande autora japonesa. Seja em seus muitos livros ilustrados maravilhosos e engraçados, ou em sua grande série de romances sobre a bruxa Kiki, ou em seu romance ambientado durante a Segunda Guerra Mundial sobre uma garota corajosa que precisa atravessar um aterrorizante túnel de árvores para chegar à escola, os livros de Kadono são sempre surpreendentes, envolventes e fortalecedores. E quase sempre divertidos. E sempre afirmando a vida”.

“Embora Kadono tenha viajado muito pelo mundo, suas histórias estão profundamente enraizadas no Japão e nos mostram um Japão cheio de pessoas inesperadas. Suas personagens femininas são singularmente determinadas e empreendedoras. [...] Como tal, elas são perfeitas para este tempo em que todos procuramos meninas e mulheres em livros que possam nos inspirar”, complementa o júri no site oficial do prêmio.

Melhor Ilustrador

Nascido em 1953, na cidade de Lyubersty, próxima a Moscou, Igor Oleynikov, começou sua carreira como animador no estúdio Soyuzmultfilm, e apenas em 1986 deu início à carreira como ilustrador, em periódicos infantis e projetos gráficos de livros. Ao longo dos anos, Oleynikov ilustrou mais de 80 livros infantis, incluindo histórias originais e diversos contos de fadas clássicos.

Segundo o júri do prêmio “Oleynikov é um mestre em design e composição. Além disso, ele traz a vida um elenco extraordinário de personagens - de meninos e meninas, bruxas e gigantes, lobos e tubarões, fadas e trolls, Joshua e Ruth do Antigo Testamento, até mesmo um rato minúsculo brilhante que vai para Harvard!”

O júri acrescenta ainda, no site oficial do prêmio, que “embora ele afirme não gostar de ilustrar crianças "fofinhas", ele é mais do que capaz de criar beleza - em suas paisagens e em seus personagens. Lindos ou não, humanos ou não, explodem de vida, movimento e expressão.”

Considerado o Nobel da literatura infantil e juvenil, o Prêmio Hans Christian Andersen será entregue aos vencedores, no dia 30 de agosto, durante uma cerimônia no 36º Congresso Internacional do IBBY, em Athenas, na Grécia.

Saiba mais sobre o prêmio no site oficial do IBBY.