A Invenção de Hugo Cabret

A sessão “Literatura no Cinema” de hoje apresenta um dos filmes mais comentados do ano, “A Invenção de Hugo Cabret”, que teve sua estréia, nessa sexta-feira, nos cinemas brasileiros.


Dirigido pelo cineasta Martin Scorsese, o filme vencedor do Globo de Ouro de Melhor Direção recebeu 11 indicações ao Oscar 2012, incluído ao de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

A História

  Na Paris dos anos 30, um garoto chamado Hugo Cabret vive na majestosa estação de trem, Gare Du Nord, apósperder o pai, um relojoeiro que trabalhava no museu, em um incêndio.
   Órfão, Hugo passa a viver escondido, consertando as engrenagens dos enormes relógios da estação, enquanto tenta reconstruir um misterioso robô encontrado pelo pai. Para isso, ele rouba peças de uma loja de brinquedos, mas acaba sendo pego pelo dono da loja e por sua afilhada.
   Um precioso caderno, uma chave roubada, uma mensagem cifrada, um homem mecânico e um passado esquecido compõem a trama envolta em mistério e aventura de “A Invenção de Hugo Cabret”.

No Livro

A obra, escrita e ilustrada pelo autor Brian Selznick em 2007, oferece ao leitor uma inusitada e envolvente experiência de leitura, pois a história é composta não apenas de texto, como também de uma sequência de imagens, tipo um storyboard.

O storyboard é um roteiro desenhado, um tipo de história em quadrinhos só que sem os balões. Uma ferramenta que o cineasta e sua equipe usam para visualizar a estrutura do filme e discutir a sequência dos planos, os ângulos, o ritmo, a lógica do filme, as expressões e atitudes dos personagens. 

Assim, misturando elementos das histórias em quadrinhos e do cinema, além da literatura, o livro, publicado no Brasil pela SM Edições, conta um pouco da origem do cinema, em especial, da história do cineasta e ilusionista Georges Méliès, que é também um dos personagens da obra.

São 284 imagens, desenhos a lápis e carvão, que compõem as mais de 500 páginas do livro, sendo que algumas delas são puramente visuais. O design gráfico do livro é uma mistura entre as cores pretas e brancas, o que lembra um pouco o cinema daquela época.

O Autor

foto: Divulgação
Nascido em East Brunswick, Nova Jersey, Brian Selznick se formou na Escola de Design de Rhode Island. 
Em seguida trabalhou por três anos com livros infantis em Nova York, enquanto escrevia seu primeiro livro The Houdini Box, que ganhou dois importantes prêmios literários, o Texas Bluebonnet Award, e o Rhode Island Children's Book Award.

Desde então, Selznick ilustrou inúmeros livros infantis, como The Dinosaurs of Waterhouse HawkinsWalt Whitman: Words for America e Amelia and Eleanor Go for a Ride, que lhe renderam várias premiações. O autor também escreveu outros livros como Boy of a Thousand FacesThe Robot King e Wonderstruck.

Mas, segundo o próprio Selznick, “A Invenção de Hugo Cabret” é de longe o livro mais longo em que já trabalhou. Tendo lhe rendido, em 2008, a Medalha Caldecott, prêmio atribuído ao mais distinto livro ilustrado infantil. A inspiração para criar o livro, segundo o autor, surgiu depois de ler a obra Edison’s Eve: A Magical History of the Quest for Mechanical Life do escritor Gaby Wood, que contava a história de alguns complicados homens mecânicos de corda que foram doados ao museu de Paris, mas acabaram no lixo por engano.

No Cinema

O filme da Paramount é o primeiro infanto-juvenil e em 3D dirigido pelo cineasta Martin Scorsese, que buscou ser o mais fiel possível aos detalhes do livro, em especial, na recriação do cenário da época.

Para tal, o diretor e sua equipe se inspiraram nos trabalhos dos irmãos Louis e Auguste Lumière, que têm o cinema como registro do cotidiano, uma observação do real. 

Assim como nos trabalhos do cineasta e ilusionista Georges Méliès, considerado o pioneiro nos efeitos especiais e na idéia do cinema como uma fábrica dos sonhos.

De fato, é possível notar o toque dos irmãos Lumière na forma como Hugo Cabret está sempre a observar, nunca interferindo diretamente, na vida das pessoas que circulam diariamente pela estação. Enquanto que a vida do cineasta Méliès é mostrada de forma emocionante no filme.

A sétima arte

Muitos participaram da invenção do cinema, mas foram os irmãos Lumière, quem criaram o Cinematógrafo, aparelho que possibilitou a projeção de imagens em uma tela para exibição ao público. Sendo que a primeira sessão de cinema da história foi apresentada por eles, em 1895, no Grand- Café do Boulevard des Capucines de Paris.

Já o francês George Méliès (1861-1938) é considerado um dos pioneiros do chamado cinema fantástico, que após assistir a uma exibição do cinematógrafo dos irmãos Lumière, decidiu levar seus shows de ilusionismo para as telas do cinema. Com truques de montagem e encenação, o cineasta chegou a produzir mais de 500 filmes, entre eles o famoso Le Voyage Dans a Lune (Viagem à Lua) de 1902, que marcou a estréia da ficção no cinema.

Na obra, o pai de Hugo Cabret cita esse mesmo filme quando conta que a cena mais impressionante que havia visto no cinema era a de um foguete voando para dentro de um olho desenhado na lua. Segundo ele, jamais havia experimentado tal sensação, era como ver seus sonhos em pleno dia.

Todos esses ingredientes contribuem para que o filme seja um dos favoritos ao Oscar, uma das mais importantes premiações cinematográficas, que acontece dia 26 de fevereiro. Agora é assistir ao filme e torcer pelo Oscar!

Assista ao trailer:

4 comentários:

  1. Scorsese é um gênio, aí junta o livro, que tb é genial: só pode dar nisso! Quero MUITO ver esse file!

    Como sempre, parabéns pelo post. Ótimo, bem escrito, informativo. :)

    Beijos

    Gleice - Murmurios Pessoais

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  2. Muito obrigada Gleice! Tô torcendo para o Scorsese e o filme levarem o Oscar pra casa, eles merecem.

    Bjos.

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  3. Muito obrigada Rosangela, fico feliz que tenha gostado!

    Abs.

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