Considerado um dos prêmios de maior prestígio em sua área nos Estados Unidos, o Pulitzer é concedido, há mais de cem anos, a pessoas que realizaram trabalhos de excelência nas áreas de Jornalismo, Literatura, Drama e Música.
Em sua 108ª edição, o prêmio criado pela Universidade de Columbia de Nova York prestou homenagens a jornalistas e autores de todo país por meio de 23 categorias, incluindo a de Melhor Livro de Ficção, na qual “Night Watch” de Jayne Anne Phillips foi o vencedor, agraciado com uma medalha de ouro e um prêmio no valor de 15 mil dólares.
A cerimonia, no entanto, ocorreu em um cenário um pouco tenso, devido a uma declaração feita pelo Conselho do Pulitzer, na qual elogiam os estudantes jornalistas que cobriram os protestos nas universidades contra a guerra em Gaza, reconhecendo que eles se colocavam frequentemente “enfrentando um grande risco pessoal e acadêmico”.
Night Watch
Também indicado ao National Book Award e eleito um dos melhores livros do ano pelo New Yorker, o aclamado romance é descrito pelo júri do prêmio como “épico, fascinante e meticulosamente elaborado, Night Watch é uma crônica impressionante da sobrevivência à guerra e suas consequências”.
Em 1874, no rescaldo da guerra, o apagamento, o trauma e o anonimato assombram civis e veteranos, renegados e andarilhos, libertos e fugitivos. ConaLee, de 12 anos, a adulta de sua família desde que se lembra, se vê em uma viagem de carroça com sua mãe, Eliza, que não fala há mais de um ano. Elas chegam ao Asilo para Lunáticos Trans-Allegheny, na Virgínia Ocidental, entregues na entrada do hospital por um veterano de guerra que se forçou a entrar em seu mundo. Lá, longe da família, de um vizinho querido e da casa na montanha que conheciam, eles tentam recuperar suas vidas.
Os caprichos onipresentes da guerra e da raça vêm à tona à medida que aprendemos sua história: sua fuga para as cadeias montanhosas mais altas do oeste da Virgínia; o desaparecimento do pai de ConaLee, que partiu para a guerra e nunca mais voltou. Enquanto isso, no asilo, eles começam a encontrar um novo caminho. ConaLee finge ser empregada doméstica de sua mãe; Eliza responde lentamente ao tratamento. Eles são envolvidos na vida das instalações - o homem misterioso que eles chamam de Ronda Noturna; a criança órfã chamada Weed; a temível mulher que dirige a cozinha; o notável médico à frente da instituição.
Nascida em 19 de julho de 1952 na pequena cidade de Buckhannon, West Virginia, Jayne Anne Phillips se formou na West Virginia University, obtendo seu bacharelado em 1974, e mais tarde recebendo um mestrado em ficção pelo Iowa Writers' Workshop da University of Iowa. Em seguida ocupou cargos de ensino em diversas faculdades e universidades, incluindo a Universidade de Harvard , a Universidade de Boston e a Rutgers University, onde foi fundadora/diretora do Programa de Mestrado em Belas Artes em Escrita Criativa .
Em 1976, Phillips publicou sua primeira coleção de contos “Sweethearts”, pela qual ganhou o Prêmio Pushcart e o Prêmio Fels do Conselho Coordenador de Revistas Literárias. Sendo que, em 1984, publicou seu primeiro romance, “Machine Dreams”, considerado pelo New York Times como “uma notável estreia novelística e uma conquista literária duradoura”, foi finalista do National Book Critics Circle Award, e eleito um dos doze melhores livros do ano pelo New York Times, além de ter entrado para lista de mais vendidos.
Vencedora de inúmeras bolsas de arte e escrita, a romancista e contista, Jayne Anne Phillips é autora de doze romances e contos, entre eles “Black Tickets”, “Fast Lanes”, “Shelter”, “MotherKind”, “Lark and Termite”, e “Quiet Dell”. Seu trabalho foi traduzido para mais de doze idiomas e ganhou diversos prêmios literários, como a Arts and Letters Award e o Sue Kaufman Prize, além de ter sido finalista do National Book Award e duas vezes finalista do National Book Critics Circle Award. Atualmente, ela mora em Nova York e Boston.
Nas demais categorias literárias...
Além da categoria de Melhor Livro de Ficção, o Pulitzer destina mais cinco categorias a área de Literatura, sendo elas Melhor Livro de Não-Ficção, Melhor Biografia, Melhor Memória ou Autobiografia, Melhor Livro de História e Melhor Livro de Poesia.
Entre os premiados deste ano na categoria de Não-Ficção está a obra “Um Dia na Vida de Abed Salama” (A Day in the Life of Abed Salama: Anatomy of a Jerusalem Tragedy) do autor, ensaísta e jornalista americano que mora em Jerusalém, Nathan Thrall. Eleito o Melhor Livro do Ano pela The New Yorker, The Economist, Time, The New Republic e Financial Times, o livro é descrito pelo júri do prêmio como “imersiva e emocionante, uma história íntima de um acidente mortal fora de Jerusalém que desvenda um emaranhado de vidas, amores, inimizades e histórias ao longo de um dia revelador e comovente”, oferecendo aos leitores “um retrato indelevelmente humano da luta por Israel/Palestina e uma nova compreensão da trágica história e realidade de um dos lugares mais disputados do planeta”.
Já na categoria História, o vencedor foi o livro “No Right to an Honest Living: The Struggles of Boston’s Black Workers in the Civil War Era” da professora americana de História, vencedora do Prêmio Bancroft e duas vezes finalista do Prêmio Pulitzer, Jacqueline Jones. O livro é descrito pelo júri como sendo “um retrato angustiante dos trabalhadores negros e da hipocrisia branca na Boston do século XIX”, que mostra “como a injustiça no local de trabalho impediu Boston – e os Estados Unidos – de garantir a verdadeira igualdade para todos”.
Já o prêmio de melhor Biografia deste ano foi concedido a dois autores. Sendo um deles o ex-redator sênior do The Wall Street Journal e autor best-seller do New York Times, Jonathan Eig, que ganhou com a obra “King: Uma Vida”, a primeira grande biografia em décadas “vividamente escrita e exaustivamente pesquisada” do ícone dos direitos civis Martin Luther King Jr., e a primeira a incluir arquivos do FBI recentemente desclassificados.
Segundo o júri do prêmio “King mistura novas pesquisas reveladoras com narrativa acessível para oferecer um Martin Luther King Jr. para os nossos tempos: um pensador profundo, um estrategista brilhante e um radical comprometido que liderou um dos maiores movimentos da história e cujas demandas por justiça racial e econômica permanecem tão urgentes hoje como eram em sua vida”.
O segundo vencedor da categoria é a autora coreano-americano Ilyon Woo com a obra “Master Slave Husband Wife: An Epic Journey from Slavery to Freedom”, considerada pelo Pulizter como “uma rica narrativa dos Crafts, um casal que escapou da Geórgia em 1848, com Ellen de pele clara disfarçada de cavalheiro branco deficiente e William como seu criado, explorando suposições sobre raça, classe e deficiência para se esconderem em público em sua jornada para o Norte, onde se tornaram abolicionistas famosos enquanto escapavam dos caçadores de recompensas”.
Enquanto que o prêmio de melhor livro de Memória ou Autobiografia foi para a obra “O Invencível Verão de Liliana” (Liliana’s Invincible Summer: A Sister’s Search for Justice) da aclamada acadêmica e premiada autora e poetisa mexicana Cristina Rivera Garza.
Descrito pelo Pulitzer como “um relato inovador da irmã de 20 anos da autora, assassinada por um ex-namorado, que mistura memórias, jornalismo investigativo feminista e biografia poética costurados com uma determinação nascida da perda”. O livro, escrito “numa prosa luminosa e poética” por Garza reune “cartas manuscritas, relatórios policiais, cadernos escolares, entrevistas com entes queridos de Liliana para documentar a vida de sua irmã. Através deste livro de memórias notável e que desafia o gênero, ela confronta o trauma de perder sua irmã e examina como essa tragédia continua a moldar quem ela é – e por que ela luta – hoje”.
Na categoria Poesia o vencedor foi “Tripas: Poems” do professor e premiado poeta Brandon Som. Uma coletânea de poemas que segundo o prêmio “se envolve profundamente com as complexidades da dupla herança mexicana e chinesa do poeta, destacando a dignidade da vida profissional da sua família, criando comunidade em vez de conflito”.
O Pulitzer prestou ainda uma citação especial ao falecido escritor, jornalista e crítico Greg Tate, “cuja linguagem – inspirada na literatura, na academia, na cultura popular e no hip-hop – foi tão influente quanto o conteúdo de suas ideias. A sua estética, inovações e originalidade intelectual, particularmente na sua crítica pioneira do hip-hop, continuam a influenciar as gerações subsequentes, especialmente escritores e críticos de cor”.
Confira os demais vencedores no site oficial do Prêmio Pulitzer.
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