Depois de viajar pelo tempo e espaço, participar de guerras interestelares, conhecer as mais loucas criaturas e aprender a voar, o inglês Arthur Dent está de volta ao seu planeta natal, a Terra.
“Pela sua própria escala pessoal de tempo, até onde conseguia calcular, vivendo como ele vivera sob as rotações alienígenas de sóis distantes, estivera fora de circulação por oito anos, mas quanto tempo havia de fato passado ali, disso não fazia a menor idéia. Na verdade, os acontecimentos em si estavam além da sua exausta compreensão porque aquele planeta, o seu lar, não deveria estar lá.”
Por incrível que pareça, o planeta que havia sido demolido pelos Vogons estava de volta ao seu devido lugar no espaço, e tudo nele estava exatamente como antes da sua suposta destruição, exceto pelo misterioso desaparecimento dos golfinhos.
Fenchurch
O livro tem inicio com um prólogo relembrando uma personagem mencionada no primeiro volume da saga, uma garota chamada Fenchurch, que precisa desesperadamente se lembrar de algo muito importante que ela esqueceu.
“Uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. [..] Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota e a idéia perdeu-se para sempre.”
De fato, este volume é sobre a história dessa garota e seu estranho relacionamento com Arthur Dent. Sendo que os outros personagens da saga têm só algumas breves aparições ou são apenas mencionados em algumas páginas.
“Esse tal de Arthur Dent, [...] o que é ele, um homem ou um rato? Será possível que não se interesse por nada além de chá e das questões mais amplas da existência? Não tem vigor? Não tem personalidade? Será que, em outras palavras, ele não trepa?”. “Os que querem respostas devem continuar lendo. Outros podem preferir pular direto para o último capítulo, que é bem legal e é onde aparece o Marvin.”
O amor está no ar
“Estava pasmo, pois, de todas as sensações brigando por um espaço na sua cabeça naquela noite em que estava voltando para a sua casa – aquela que imaginava ter desaparecido para sempre -, a que mais estava mexendo com ele era obsessão por uma garota bizarra da qual não sabia mais nada além do fato de que ela havia dito “isso” e de que não desejaria aquele irmão nem mesmo para um vogon.”
Isso mesmo, Arthur Dent está perdidamente apaixonado por uma garota, recém saída de um sanatório, que por incrível que pareça consegue ser ainda mais estranha do que ele e do que o próprio Ford Perfect.
“Não sabia dizer se aquilo havia acontecido porque ela era a primeira fêmea da sua própria espécie que ele via há anos, ou o quê, mas ficara maravilhado [...]”
Assim, juntos eles vão iniciar uma jornada em busca de respostas para explicar o porquê da Terra ainda existir, além de desvendar o misterioso desaparecimento dos golfinhos. Sem falar no seja lá o que muito importante que Fenchurch esqueceu.
Para os leitores da saga que estão se perguntando o que aconteceu com o triangulo Arthur, Trillian e Zaphod, Douglas Adams tem uma resposta bem inusitada para está questão, na página 98 do livro.
“Como é, elas querem saber, que terminou toda aquela história entre Arthur e Trillian, afinal? A resposta é, obviamente, vá cuidar da sua vida.”
Os personagens
E por falar em Trillian e Zaphod, infelizmente, eles são apenas mencionados vagamente em um ou outro trecho do volume. Enquanto que o robô melodramático, Marvin, surge apenas no último capitulo do livro, protagonizando uma cena triste, bem típica dele. Já Ford Perfect, aparece em alguns breves e confusos capítulos, sendo que apenas na página 121 é que ele faz sua entrada dramática, surgindo completamente desorientado na casa de Arthur Dent.
“Arthur se pegou fazendo algo que jamais imaginara fazer novamente. Quis saber por onde andava Ford Prefect. Por uma extraordinária coincidência, no dia seguinte saíram duas matérias no jornal, uma sobre incidentes espantosos com um disco voador e a outra sobre uma série de brigas indecorosas em bares. Ford Prefect apareceu um dia depois desse, com ressaca, e queixando-se de que Arthur nunca atendia o telefone.”
O que esperar
Diferente dos volumes anteriores, o quarto livro da série está mais para uma comédia romântica. Além disso, a história se passa quase toda na Terra.
Mas não entre em pânico, pois embora este volume não seja tão engraçado quanto os dois primeiros, ele também não é tão frustrante quanto o infame terceiro livro da saga. Que alias, é considerado por muitos leitores como uma razão para abandonar a série.
Apesar da narrativa desse livro não ser tão frenética quanto nos anteriores, a ironia, a sátira, as analogias ao cotidiano e as criticas a sociedade, que fazem parte da marca registrada do autor e da série, permanecem a todo vapor. Como a conversa hilariante de Arthur e seu amigo jornalista, ou a coletiva de imprensa dos cientistas. Sem falar na explicação absurda do governo para o ataque alienígena a Terra.
Resumindo, este quarto volume da série é uma mistura de ironia e romance, com um toque de ficção cientifica e muita loucura. Por tanto, vale apena sim seguir a diante com a saga, especialmente aqueles que curtem histórias românticas, pois embora este volume não seja tão cômico quanto os primeiros, ele tem lá suas qualidades.
Saiba mais sobre o Guia do Mochileiro das Galáxias neste post.
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