Prêmio Pulitzer de Literatura 2023

Considerado um dos prêmios de maior prestígio nos Estados Unidos, o Prêmio Pulitzer é concedido, há mais de cem anos, a pessoas que realizaram trabalhos de excelência nas áreas de Jornalismo, Literatura, Drama e Música.


Em sua 107ª edição, o prêmio criado pela Universidade de Columbia de Nova York prestou homenagens a jornalistas e autores de todo país por meio de 23 categorias, incluindo a de Melhor Livro de Ficção, que este ano, em uma decisão surpreendente, porém não inédita, teve dois vencedores, “Demon Copperhead” de Barbara Kingsolver e “Trust” de Hernan Diaz.

Confiança

Nascido em 1973 em Buenos Aires na Argentina, Hernan Diaz é PhD pela NYU, ensaísta, e autor de dois romances best-sellers traduzidos para mais de trinta idiomas. Sendo que seu primeiro romance, “In the Distance”, foi finalista do Prêmio Pulitzer e do Prêmio PEN/Faulkner, e foi vencedor do Prêmio Internacional Saroyan, do Prêmio Cabell, do Prêmio Page America e do Prêmio New American Voices, entre outras distinções.

foto: Pascal Perich
Já seu segundo romance “Confiança” (Trust), nomeado para o Booker Prize, e publicado no país pela editora Intrínseca, é considerado pelo júri do prêmio como “um romance fascinante ambientado em uma América passada que explora família, riqueza e ambição por meio de narrativas interligadas apresentadas em diferentes estilos literários, um exame complexo de amor e poder em um país onde o capitalismo é rei”.

Mesmo em meio ao caos e à efervescência dos loucos anos 1920, não há em Nova York quem não tenha ouvido falar do casal Benjamin e Helen Rask. Envoltos em uma aura de mistério e reverência, o lendário magnata de Wall Street e a herdeira de uma excêntrica linhagem aristocrática chegaram, juntos, ao topo de um mundo onde a riqueza parece não ter fim. A montanha de capital acumulado e o talento com que Benjamin a ergueu, no entanto, causam inquietação na sociedade e muitas especulações sobre a sua capacidade de prever cada próximo passo do mercado de ações. É nesse contexto que o casal Rask protagoniza um romance que, supostamente, causa um grande escândalo no coração financeiro dos Estados Unidos.

Demon Copperhead

Também vencedor do Women’s Prize for Fiction 2023, o aclamado romance é descrito pelo júri do prêmio como “uma reformulação magistral de “David Copperfield”, narrada por um garoto dos Apalaches cuja voz sábia e inabalável relata seus encontros com a pobreza, o vício, as falhas institucionais e o colapso moral – e seus esforços para conquistá-los”.

Inspirado na obra de Charles Dickens, Demon Copperhead narra a história de um menino chamado Demon, nascido de uma mãe solteira, ainda adolescente, em um pequeno trailer nas montanhas do sul dos Apalaches. Sem bens, além da sua boa aparência, uma sagacidade mordaz e um feroz talento para a sobrevivência, ele terá que enfrentar a vida em um orfanato, trabalho infantil, escolas abandonadas, vício, amores desastrosos e perdas esmagadoras.

Nascida em 08 de abril de 1955 na cidade de Annapolis em Maryland, Barbara Kingsolver foi criada em Carlisle, na zona rural de Kentucky, embora tenha vivido brevemente no Congo durante sua infância. Tendo se formado em biologia na universidade DePauw em Indiana, ela trabalhou durante algum tempo na Universidade do Arizona, onde também iniciou sua carreira como escritora freelancer de artigos científicos. Em meados dos anos 80, Kingsolver começou a publicar poemas e contos, e em dezembro de 1988 ela publicou o seu primeiro romance, o best-seller “The Bean Trees”.

foto: Evan Kafka
Hoje, romancista, ensaísta e poetisa, Barbara Kingsolver é autora de dez best-sellers de ficção, incluindo os romances “Unsheltered”, “Flight Behavior”, “The Lacuna”, “The Poisonwood Bible”, e “Animal Dreams”, bem como livros de poesia, ensaios e não-ficção criativa. Seu trabalho foi traduzido para mais de vinte idiomas e ganhou diversos prêmios literários, como a National Humanities Medal, a mais alta honraria dos EUA por serviços prestados às artes. Atualmente, ela mora com a família em uma fazenda no sul dos Apalaches. 

Nas demais categorias literárias...

Além da categoria de Melhor Livro de Ficção, o Pulitzer destina mais cinco categorias a área de Literatura, sendo elas Melhor Livro de Não-Ficção, Melhor Biografia, Melhor Memória ou Autobiografia, Melhor Livro de História e Melhor Livro de Poesia.

Entre os premiados deste ano na categoria de Não-Ficção está a obra “His Name Is George Floyd” dos jornalistas do Washington Post, Robert Samuels e Toluse Olorunnipa. Com base em centenas de entrevistas com os amigos e familiares de Floyd, seus professores do ensino fundamental e treinadores do time do colégio, ícones dos direitos civis e aqueles que ocupam os cargos mais altos do poder político, os repórteres oferecem em seu livro uma jornada comovente pela América de George Floyd, revelando como um homem que simplesmente queria respirar acabou tocando o mundo.

Já na categoria História, o vencedor foi o livro “Freedom’s Dominion: A Saga of White Resistance to Federal Power” do historiador Jefferson Cowie. Um relato devidamente documentado sobre a história dos Estados Unidos, concentrando-se na casa ancestral do agitador político George Wallace, em Barbour County, Alabama. Uma terra moldada pelo colonialismo e pela escravidão, onde os brancos usaram a liberdade como arma para tomar as terras dos nativos, defender a secessão, derrubar a Reconstrução, questionar o New Deal e lutar contra o movimento dos direitos civis. 

Sendo que o prêmio de melhor Biografia foi para a obra “G-Man: J. Edgar Hoover and the Making of the American Century” da professora de história americana do século 20 em Yale, Beverly Gage. Considerado pelo Pulitzer como “um olhar profundamente pesquisado e cheio de nuances sobre uma das figuras mais polarizadoras da história dos Estados Unidos, que retrata o antigo diretor do FBI em toda a sua complexidade, com realizações monumentais e falhas incapacitantes”. O trabalho de Gage explora toada a vida e carreira de J. Edgar Hoover, desde seu nascimento em 1895 até sua morte em 1972.

Enquanto que o prêmio de melhor livro de Memória ou Autobiografia foi para a obra “Stay True” do redator do The New Yorker e professor associado de inglês no Vassar College, Hua Hsu, que determinado a manter tudo o que restou de um de seus amigos mais próximos decidiu escrever suas memórias, considerada pelo júri do prêmio como “um relato elegante e comovente sobre amadurecimento que considera amizades intensas e juvenis, mas também violência aleatória que pode alterar repentina e permanentemente a lógica presumida de nossas narrativas pessoais”.

Na categoria Poesia o vencedor foi “Then the War: And Selected Poems, 2007-2020” do professor e autor de vários livros de poesia, Carl Phillips. Uma coletânea de poemas que segundo o prêmio “narra a cultura americana enquanto o país luta para dar sentido à sua política, à vida após uma pandemia e ao nosso lugar em uma comunidade global em mudança”.

Confira os demais vencedores no site oficial do Prêmio Pulitzer.

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